//Engenheiros alertam para risco de novos apagões no Brasil

Engenheiros alertam para risco de novos apagões no Brasil

O apagão ocorrido no dia 21 de março de 2018, deixando 12 estados sem energia, mesmo sob o comando do competente Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, deixa um alerta para os consumidores: do industrial, aos hospitais, até o mais simples residencial.Para a Engenharia Brasileira que contribui com o planejamento, tomada de decisões, execução e operação do Sistema Elétrico, o apagão, foi um sinal claro de que é preciso uma parada estratégica para repensar o Modelo em curso.Uma nota explicativa para a sociedade brasileira sobre a grave ocorrência é uma obrigação indeclinável do Governo. Mas o Governo não pode ficar só neste contexto de explicações, que na verdade objetivam minimizar os negativos efeitos políticos. São necessárias medidas estruturantes e preventivas, com base em planejamento, para que se possa evitar tais ocorrências.A Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas – ABEE Nacional, que congrega profissionais da Engenharia Nacional, por dever de ofício, vem à público exigir muito mais.Desde a edição da MP nº 579, em 2012, a ABEE tem acompanhado com muita preocupação o seu reflexo no Setor Elétrico, em particular nas empresas do Grupo Eletrobrás, que tiveram expressiva parte de suas receitas abruptamente ceifadas, ocasionando gigantescos prejuízos em seus balanços.Mas os equívocos tornam a se repetir. Manifestações políticas emanadas do Governo, endereçadas à sociedade, não vão alterar a realidade do Setor.É nossa obrigação, como instituição da sociedade civil organizada, alertar o Executivo, o Congresso Nacional, Instituições vinculadas ao segmento de energia, assim como também as Associações Representativas e de Classe,cujos objetos de atuação envolvem a questão energética, para uma série de graves ocorrências que tem contribuído para a desorganização do fornecimento de energia aos mercados consumidores.Iniciamos nosso alerta pelo Órgão Regulador, a ANEEL, que tem sofrido contínuos e profundos cortes orçamentários, dificultando sobremaneira o exercício de sua missão institucional, que é a regulação e a fiscalização de todos aqueles agentes econômicos responsáveis pela produção, transmissão e distribuição da energia no Brasil. Outro Órgão de fundamental importância para o Sistema Elétrico Nacional é o ONS, responsável pela segurança operacional elétrica e garantia da entrega da energia com qualidade para toda a população brasileira. Mesmo com toda a sua expertise, não consegue evitar que a atuação num equipamento de proteção deixe mais de 70 milhões de pessoas sem energia, que hoje é considerada bem essencial, e por um período considerado longo.A ausência de planejamento, a diversidade de interesses abrigados sob o pálio governamental, a descapitalização da Eletrobrás, hoje mais do que nunca, tende a desenhar um cenário caótico de eventos tais como o último apagão.Obrigatória e urgente se torna uma reflexão sistêmica sobre as condições adversas a que está submetido o Setor Elétrico Nacional.A crise do déficit hidrológico existente nos contratos dos geradores é o melhor exemplo. Nos referimos a não aplicação do fator GSF (Generation Scaling Factor), que por força de centenas de liminares, limitou a ANEEL de compensar 6 bilhões de reais.Os impactos são economicamente desastrosos e atingem desde o maior até o menor agente econômico gerador. Se uma solução negociada não surgir, alguns agentes serão obrigados a entregar ao poder concedente suas pequenas usinas hídricas, com impactos imprevisíveis no mercado futuro de energia.O Modelo Energético Brasileiro tem de sofrer uma reformulação profunda e urgente, a partir de premissas que possam contemplar fatores informados pela demanda, as sucessivas crises hidrológicas, a dinâmica econômica, necessidade de infraestrutura técnica atualizada, antes que o açodado e desastrado movimento do Governo Federal pela venda do Grupo Eletrobrás se consolide.A iniciativa do Executivo, cuja única finalidade é cobrir o seu déficit fiscal, cuja sangria é absurdamente contínua, está em debate no Congresso Nacional. O governo comete o erro capital de não levar em consideração a necessidade premente de, em primeiro lugar, rever o Modelo Energético vigente, para, posteriormente, se pensar no gerenciamento do Setor Elétrico. Sem se saber as dimensões e as interconectividades do que se tem a gerenciar, esse gerenciamento é impossível. Então, pensar em privatização, seja lá o nome que se dê, se torna um ato insano, senão um descalabro completo.Hoje nós temos um Congresso Nacional onde boa parte dele é constituído por representantes que não tem as mínimas condições de avaliar a grandeza do Grupo ELETROBRAS e sua dimensão estratégica para o Estado Brasileiro. Seja pelo papel de atuar como agente moderador na fixação tarifária, seja atuando na geração e transmissão estruturante a longas distâncias,cobrindo as vastas dimensões continentais do país.O Governo se esquece, para se dizer o mínimo, da relevantíssima questão hídrica Nacional e sua integração com o meio ambiente.É temerário pensar-se em alienar tamanho patrimônio, que traz agregado a si enormes reservas hídricas, antes de se ter equacionado adequada e suficientemente o uso múltiplo das águas, de que se servem inúmeros agentes econômicos que da água sobrevivem ou produzem outros bens.É inaceitável a linha adotada pelo Governo, detido tão somente nas vãs explicações meramente operacionais e limitadas a discutir a “falha”, ou não, de um simples equipamento de segurança, tecnicamente projetado pela engenharia para proteger o sistema. Omite-se totalmente em não debater as consequências óbvias e a dimensão do prejuízo imposto a economia nacional, por conta da ausência de um planejamento operacional que possa evitar tais incidentes. Da maneira como a situação está posta, torna-se impossível medir o resultado do déficit de energia ocorrido nos 12 estados brasileiros.Para os Engenheiros Eletricistas representados pela ABEE Nacional, é preciso interagir com o processo de renovação política que se inaugurará com a instauração do processo eleitoral desse ano. Urge a necessidade de uma expressiva renovação qualitativa do Congresso Nacional, de forma que o Modelo Energético implantado no Setor Elétrico, seja profundamente reestruturado.ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHEIROS ELETRICISTAS – ABEE Naciona.Via:Povo com a Notícia

Site:Guia Pernambuco