//Tecnologia para proteger as mulheres

Tecnologia para proteger as mulheres

Sororidade é o termo que define a união, a irmandade entre as mulheres. É dessa ligação que giram em torno dois aplicativos para celular, Rede Mete a Colher e N!NA, desenvolvidos por jovens em Pernambuco a fim de prevenir e ajudar, usando tecnologia móvel, mulheres que sofrem violência sexual, verbal ou psicológica.

Contrariando o velho – e ultrapassado – ditado “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”, o aplicativo Rede Mete a Colher, desenvolvido por seis pernambucanas, foi lançado na última quinta-feira (6) e serve para denunciar relacionamentos abusivos.

Dentro de uma comunidade formada apenas por mulheres, as usuárias podem procurar ou oferecer apoio emocional e jurídico e oportunidades de trabalho, além de ter acesso a serviços de delegacias, hospitais e centros de apoio psicológicos.

O Mete a Colher começou em uma plataforma de apoio dentro do Facebook, com mais de 93 mil seguidores. “Quisemos encontrar um meio de usar a tecnologia para dar apoio”, explica a designer Aline Silveira. “A violência acontece e você tem que se mexer para resolver.” Além dela, trabalham no Mete a Colher Carolina Cani, Renata Albertim, Thaisa Queiroz, Lhais Rodrigues e Mariana Albuquerque.

Segundo levantamento feito em 2016 pela organização ActionAid, aproximadamente 86% das mulheres no Brasil já sofreram assédio em locais públicos. A solução encontrada por muitas é mudar percursos e evitar o transporte público. “Já vi meninas tendo que andar com tesouras ou chaves como arma na rua ou na universidade”, conta Simony César, idealizadora do aplicativo N!NA, em parceira com a desenvolvedora Jucylene Melo e a designer Cássia Oliveira. A ideia do app, hoje um protótipo, é mapear e prevenir assédios em transportes coletivos e diminuir parte dos problemas.

O app, que extende os trabalhos da página da rede social, utiliza login no Facebook para verificar o gênero da pessoa e tem checagem de segurança em três etapas, para dificultar o acesso de terceiros às informações. Fora de casa, as mulheres também podem enfrentar assédio.

Só no ano passado, o boletim da Central de Atendimento da Mulher, que opera nacionalmente, registrou 67.962 relatos de violência, sendo 67,63% dentro de relacionamentos de casal. No Estado, segundo dados disponíveis no site da Secretaria de Defesa Social (SDS), até maio deste 13.346 casos de violência doméstica contra mulheres foram registrados.

O aplicativo usa dados de geolocalização dos ônibus para alertar usuários da violência que está acontecendo. “Quando a usuária aperta um botão para fazer a denúncia, o app identifica em qual o veículo ele está e todos os N!NA por perto recebem uma notificação”, explica a idealizadora.

Os dados coletados pelo app poderão rastrear padrões de abuso em coletivos e até ser usados pelas autoridades para criar políticas contra assédio nos coletivos. Os testes do N!NA deverão acontecer no campus da Universidade de São Paulo – USP, onde os dados de geolocalização dos ônibus são abertos, o que não acontece em Recife, segundo as desenvolvedoras.

Hoje, o N!NA conta com parcerias e em breve lançará campanha de financiamento coletivo na internet. “A gente quer empoderar as mulheres, transitar com segurança e ter números para cobrar soluções ao estado”, planeja Simony. Via: Folha PE

Site: Guia Pernambuco