//Alunos de escolas integrais de PE têm mais chances de ir a faculdade e ganhar salário maior, diz pesquisa

Alunos de escolas integrais de PE têm mais chances de ir a faculdade e ganhar salário maior, diz pesquisa

Mais renda, mais escolaridade, mais igualdade racial. Segundo uma pesquisa do Laboratório de Pesquisa e Avaliação em Aprendizagem da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o Instituto Sonho Grande (ISG), alunos formados em escolas de tempo integral de Pernambuco têm 63% de chance de ingressar no ensino superior – 17% a mais do que os 46 pontos percentuais de possibilidade de os egressos de escolas regulares chegarem à universidade.O levantamento foi feito com 787 ex-alunos de escolas de ensino médio em tempo integral, em comparação a 1.655 estudantes que concluíram o ensino médio em escolas regulares.Além da chance de chegar ao ensino superior, a diferença também está nos salários dos ex-alunos de escolas em tempo integral, que ganham, em média, 18% a mais do que quem estudou nas escolas de tempo parcial. São remunerações de cerca de R$ 143 a mais para quem tem o ensino médio completo e R$ 230 a mais para quem tem o ensino superior completo.Quanto às remunerações entre negros e brancos, não houve diferença entre os participantes da pesquisa.

Diferenças

Protagonismo juvenil, estudo orientado por tutores e incentivo à criação de um projeto de vida para os estudantes são algumas das características elencadas pelo diretor de projetos do Instituto Sonho Grande, Rangel Barbosa, que podem explicar os resultados positivos dos egressos do ensino médio em tempo integral. “Não são só as horas a mais que fazem a diferença”, diz.Ainda de acordo com o diretor de projetos do ISG, os impactos do ensino integral não são somente individualizados a cada ex-aluno, mas também causam consequências à comunidade em que eles estão inseridos, já que a pesquisa também constatou que 18% dos ex-alunos integrais estavam casados, enquanto 25% dos ex-alunos de escolas regulares já haviam trocado alianças.Outro dado obtido a partir do levantamento é relativo à participação de 42% dos egressos integrais em projetos sociais, enquanto 36% de ex-alunos de escolas parciais integram as mesmas iniciativas. “Não acho que o efeito é egoísta. Você consegue espalhar essas consequências para toda a sociedade”, afirma Barbosa.

Ensino integral, custo integral

O expediente semanal de até 45 horas das escolas em tempo integral traz, além dos números positivos para os estudantes, custos elevados. De acordo com o secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, Fred Amâncio, as despesas de uma escola em tempo integral são 40% maiores do que as das escolas regulares.Porém, colocados na balança, os benefícios superam os ônus para a Secretaria de Educação e Esportes. “Temos a questão da merenda e da gratificação dos professores, mas é uma questão de prioridades. A médio prazo, a gente tem ganhos na redução da reprovação, que representa um custo dobrado e que está sendo diminuído nessas escolas”, aponta.Os benefícios, inclusive, levaram a Secretaria a estipular a meta de universalizar as escolas em tempo integral. “Quando o aluno passa mais tempo conosco, ele está longe do crime, longe das drogas. Já temos mais da metade das escolas na modalidade integral em Pernambuco e a meta é ampliar esse modelo de escola”, afirma o titular da secretaria.De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes, 412 das 762 escolas são de ensino médio em tempo integral no estado. “Conseguimos implantar em todos os municípios do estado e em Fernando de Noronha. Em muitos dos casos, os pais dos alunos não concluíram o ensino fundamental, então é uma transformação social muito grande”, declara o secretário.

Carlos Eduardo concluiu o ensino médio em uma escola integral, fez intercâmbio no Canadá e estuda direito na UFPE — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco PressCarlos Eduardo concluiu o ensino médio em uma escola integral, fez intercâmbio no Canadá e estuda direito na UFPE — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press

Carlos Eduardo concluiu o ensino médio em uma escola integral, fez intercâmbio no Canadá e estuda direito na UFPE — Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press

Exportando sonhos

Primeiro da família a pisar no degrau do ensino superior, o pernambucano Carlos Eduardo Andrade, de 18 anos, concluiu o ensino médio em uma escola integral em Quixabá no ano passado e percorreu 411 quilômetros até o Recife para cursar direito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).Além dos pertences, o estudante também trouxe na bagagem as aulas de robótica e o intercâmbio no Canadá feitos no ensino médio. “A escola tinha muitas atividades extracurriculares. Eram debates, aulas de robótica, computação e reuniões entre os alunos para fazermos projetos de leitura. Com isso, você só tende a adquirir conhecimento”, diz.A mãe de Carlos, de 35 anos, concluiu o ensino médio. O pai, de 45 anos, avançou nos estudos até o ensino fundamental. Além do universitário, o casal teve mais quatro filhas, a quem Carlos serve de inspiração.“Depois de mim, uma das minhas irmãs entrou numa faculdade particular de pedagogia. A outra, de 15, entrou na mesma escola que eu estudei no ensino médio e me disse que quer seguir os meus passos e fazer um intercâmbio”, diz.Agora, com a conquista da universidade, Carlos pensa em alçar voos mais altos. “Só tenho que agradecer essa oportunidade aos meus pais, que se esforçaram e não mediram esforços para eu chegar onde estou. Agora quero estudar para, quem sabe, ser um juiz”, afirma o jovem.Via:G1

Site:Guia Pernambuco