O Dia dos Professores é celebrado nesta segunda-feira (15) com um exercício importante para todos: a reflexão sobre a valorização do profissional que dedica sua vida a educação. São professores que todos os dias buscam transmitir o conhecimento de diversas formas a fim de que os estudantes compreendam as disciplinas e possam projetar um futuro melhor para suas vidas. Enquanto a formação por novos professores entra em declínio nos últimos anos, aqueles que resistem demonstram verdadeira paixão e vocação pelo que fazem. “Todo profissional passa pelas minhas mãos, sou exemplo de amor à educação.” É assim que começa a música “Aluno e Professor”, composta por Luciano França, que há 23 anos é professor de Português (do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental) e Literatura (do 1º ao 3º ano do Ensino Médio), e busca reinventar suas aulas por meio da música. Conhecido como “Professor do Violão”, o educador tem três cds gravados com canções feitas especialmente para temas ligados às suas disciplinas. “São pequenas músicas que uso em sala de aula, porque os estudantes têm dificuldade em se concentrar. Com essa experiência comecei a perceber que eles passaram a gostar mais das matérias e entender melhor o conteúdo.” A fuga pelo modelo de aula tradicional não é só uma ferramenta para atrair os alunos, mas uma forma de reinventar a profissão que tem sido tão desvalorizada nos últimos anos. Pelo menos esse é o cenário que cada professor, entrevistado pela reportagem, ao falar do amor pelo que faz, termina pontuando quando questionado sobre os desafios da educação. “Desde criança tracei que seria professor. Trabalho nos três turnos e é uma profissão difícil, existe uma desvalorização muito grande da sociedade e do poder público. Todos passam pelas mãos dos professores, mas na hora de valorizar, eles esquecem”, critica França. Nas escolas públicas, onde muitas vezes não oferta as condições necessárias para estes educadores, os desafios são aceitos com perseverança de que vale a pena transformar a sociedade através da educação. “Estamos sempre buscando meios de atrair e cativar esse aluno, mesmo sabendo que não é fácil. Na disciplina de artes alio a teoria, que é necessário, mas com uma proposta diferente, que contextualize e faça o aluno experimentar o conhecido”, declara a professora Renicleide Oliveira, da Escola Vila Sésamo, no bairro do Ibura. Ela usa a tecnologia para falar de cinema, o teatro para criar performances e, aos poucos consegue formar jovens com expressividade, posicionamento crítico e com a compreensão do coletivo diante da sociedade. Um dos projetos elaborados pela educadora é inspirado na música “Infinito Particular”, da cantora Marisa Monte. A ideia foi que os alunos pudessem registrar através das câmeras de seus celulares as suas comunidades, o que eles acham bonito e feio. A fotos foram inseridas em monóculos e a sugestão partiu dos próprios alunos. É esse amor acima das adversidades que fez com que a professora de inglês Ana Claudia Xavier, da Escola Ministro Jarbas Passarinho, localizada em Camaragibe, orientasse alunos do 7º ano a criarem um projeto sobre poesia, tendo como inspiração a cantora e compositora Maria Bethânia. “Ela intercala em seus shows a música e a poesia. Essa didática prende muita atenção do público, ele sai extasiado. Então tentamos fazer o mesmo com esses alunos”, explicou. Um questionário foi aplicado para identificar se a turma tinha algum conhecimento sobre poesia, mas o resultado mostrou que nenhum deles, entendia do que se tratava o assunto. Um ano depois da primeira experiência, os alunos incorporaram o projeto chamado de “Doutora Maricotinha Poesia – Da teoria à prática” e passaram a trocar conhecimento entre eles. “Ser professor é muito mais que uma profissão, é compartilhar conhecimentos. E para isso você precisa ter força de vontade, pesquisar sempre, dedicação e compromisso. É isso que mostro aos meus alunos para que eles possam estar motivados a enfrentar as dificuldades da vida”, disse Claudia. A ideia de poder ensinar e transformar a vida das pessoas é o que move também a estudante do 7º período de matemática da Universidade de Pernambuco, campus Mata Norte, a seguir esta carreira. Para Gerlane Caroline Mendes, de 22 anos, a vocação pelo ensino começou desde as brincadeiras de “escolinha” com os amigos. “Sei que não será uma tarefa fácil fazer com que os alunos gostarem de matemática, há sempre essa resistência. Mas tenho como desafio lidar com esse comportamento usando tecnologias a nosso favor e usar formas lúdicas de apresentar o conteúdo”, se prepara a futura professora. “Esse declínio na procura pela licenciatura é real e tem ocorrido nos últimos cinco anos. Nós temos 13 autarquias no Estado que durante 40 anos já formaram milhares de professores, mas a desvalorização da carreira tem sido a principal desmotivação”, pontua o presidente da Associação das Instituições de Ensino Superior de Pernambuco (Assiespe), Antonio Habib. Via: Folha PE
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