O total de mortes pelas chuvas em Pernambuco subiu para 93 no início da noite desta segunda-feira (30). No fim da manhã, o Governo do Estado havia divulgado o balanço com 91 vidas perdidas, mas, ao longo da tarde, mais dois corpos foram achados. Um dos corpos achados esta tarde foi o da engenheira civil Taís Regina Ramos Feitosa, de 31 anos, em Jardim Monte Verde, no limite entre Recife e Jaboatão dos Guararapes. Em Camaragibe, foi encontrada pelos bombeiros a segunda fatal dessa tarde, na Comunidade do Areeiro.A tragédia provocada pelas fortes chuvas e pelos deslizamentos de barreiras que deixaram, ao menos, 93 mortos no Grande Recife e mais de 6 mil desabrigados se tornou o maior desastre já registrado em Pernambuco no século 21, segundo especialistas (veja vídeo acima).“Pode até superar as mortes de 1975”, destaca o geógrafo e professor do departamento de Ciências Geográficas e do programa de Pós-Graduação da UFPE, Osvaldo Girão, se referindo à cheia histórica por que passou a capital pernambucana.De fato, Recife esteve submerso em 1975. A histórica cheia motivou 107 mortes e teve todos os serviços paralisados, quando mais da metade da cidade ficou sem energia elétrica.Agora, mesmo quatro décadas depois, a tragédia em meio às fortes chuvas deixa pelo menos 93 mortos – com mais de 20 pessoas ainda desaparecidas – e uma dor imensurável, sepultada debaixo da lama que cobre alguns municípios da capital pernambucana. Transformou-se no maior desastre registrado no Grande Recife neste século 21.“Depois de 1975, essa é a maior tragédia daqui”, reforça o historiador Leonardo Dantas, que era repórter naquela época e viu a água subir também para dentro da própria casa.As comparações são inevitáveis. Em 1975, o Recife estava com 80% do território habitado alagado. Foram cinco dias de prejuízos – com os hospitais funcionando à luz de velas e o transporte pelos bairros sendo improvisado em botes e barcos.Era uma quinta-feira – dia 17 de julho – e a cheia passou devastando os principais bairros da cidade. O Rio Capibaribe transbordou e 25 municípios banhados por ele foram atingidos, segundo a Fundação Joaquim Nabuco.“[Na] Minha casa mesmo, deu 1,80 metro [de água] naquela época. Eu perdi a casa, porque a água foi com a correnteza e derrubou. Eu continuo morando no mesmo lugar, junto da Praça da Torre. Dessa vez, não chegou nem água perto”, Dantas.A principal diferença em relação a 1975, contudo, está na causa da morte das vítimas. É o que destaca o geógrafo e professor Osvaldo Girão.“Em 1975, muita gente morreu por problemas cardíacos, por contaminação de água e principalmente por afogamento. Agora, temos metade ou mais só por movimento de massa. A morte está relacionada com os morros e encostas”, explica.Nesta segunda-feira (30), bombeiros, Exército e moradores ainda tentam localizar vítimas que estão soterradas pelos deslizamentos de terra. Famílias inteiras morreram por conta da tragédia – com casos como o de Luiz Estevão de Aguiar, que perdeu 11 parentes em Jardim Monte Verde, na Região Metropolitana.O número de vítimas, por sua vez, ainda pode superar o registrado na histórica cheia de 1975 – como destaca Osvaldo Girão – até porque ainda há pessoas desaparecidas nas áreas atingidas. O historiador Leonardo Dantas, por sua vez, observa ainda que os impactos poderiam ser piores.“Essas chuvas teriam sido muito pior se em 1979 não tivessem começado o programa de proteção dos morros. Se não tivesse feito isso, a situação do Recife seria pior que a de Petrópolis (no Rio de Janeiro). O Capibaribe recebeu água, mas as barragens do Carpina e do Goitá seguraram. Estão transbordando, mas não romperam”, compara. Via: Conteúdo G1 PE
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